Ouço a intimidade do sangue
numa transparência erótica,
neste silêncio tão perto
que me soa a dor,
é como se estivesse dentro do coração,
apunhalado pela insónia,
domesticando o corpo com a pressa da juventude,
vibrante de entusiasmo,
passeando os dedos pelas têmporas
beijando as pérolas das orelhas
exaltando o esmalte memorável dos olhos,
sacudindo o corpo de encontro à concha de um sexo de
madressilva,
de encontro a um seio erotizado.
Ouço a intimidade do sangue
numa transparência erótica,
num silêncio tão perto parecendo vir de muito longe,
como se assim desejasse morrer,
nesta vastidão púrpurea
neste silêncio que magoa
que me consome o coração,
como se assim desejasse morrer,
soberbo,
no alento morno de um corpo de mulher